O corpo teórico da Transpessoal embasa, através de sua concepção não dualística de ser humano, diferentes níveis de intervenção que compõem a prática de atendimento psicoterápico a indivíduos e grupos. Na verdade, não se trata de técnicas, mas de níveis de intervenção que se articulam formando uma grande rede de apoio, atendendo as necessidades de um homem que é compreendido como multi-dimensional. São estes níveis: o verbal, o nível imagético, o simbólico, o nível interativo, o nível adjunto.
O Nível verbal
Trata-se do modo de interação mais utilizado especialmente em psicoterapia, que implica o encontro através da linguagem verbal, da troca de percepções e sentimentos usando o aparato da fala e principalmente da escuta. Do ponto de vista do terapeuta, a intervenção verbal compreende os momentos que marcam o início de um processo de tratamento, com a entrevista inicial, a coleta de informações, o respeito ético ao sigilo sobre o material trabalhado em consulta, e principalmente a postura do terapeuta frente ao paciente. Em Transpessoal, ao contrário de outras linhas teóricas que se apóiam exclusivamente no recurso verbal de comunicação, a interpretação da fala dos clientes ou pacientes não é recomendada. Não se interpreta, pois se acredita que somente o paciente, dentro de seu próprio processo de desenvolvimento, sabe a solução de seu sofrimento. Ele tem o conhecimento dentro de si, ainda que encoberto ou pouco nítido, devendo o terapeuta apenas facilitar o caminho de acesso a este conhecimento através de uma relação de respeito, confiança e de intervenções apropriadas. Ao contrário das interpretações, são utilizadas ampliações de falas e expressões do paciente, buscando clarificar para ele mesmo as mensagens que ficam por vezes obscurecidas. O terapeuta não faz julgamentos, mas realiza percepções, estando sempre atento às manifestações de seu paciente, acolhendo-as, explorando-as, integrando-as, proporcionando ao paciente a criação de sentido em sua vida, através também do auxílio à produção de síntese do processo de tratamento.
De forma geral, o paciente vai até onde o terapeuta tiver ido, e ele estanca também em pontos conflitivos do próprio terapeuta. Esta é uma relação cuja a diferenciação dos conteúdos emergentes (do paciente e do terapeuta) pode ser muito complicada e sutil, pois até um certo momento, é crucial que haja no terapeuta ressonância do que está sendo trabalhado pelo paciente. Porém, a diferenciação dos materiais e dos processos vividos é fundamental e para ela é necessário um cuidado do terapeuta em relação ao seu próprio treinamento teórico, prático e existencial (constante, diga-se de passagem), um trabalho de auto-desenvolvimento, tanto no eixo experiencial como no evolutivo, evitando assim a confusão de papéis e favorecendo a relação terapêutica.
O Nível Imagético
Este nível trabalha com intervenções a partir da produção de imagens mentais. É baseado na técnica de imaginação ativa, termo cunhado por Jung, que define uma intervenção em que imagens são construídas mentalmente pelo indivíduo, potencializando conteúdos de vigília que estão sendo trabalhados ou que desejam ser trabalhados. Nestes exercícios, que podem ser dirigidos pelo terapeuta, o paciente deve estar em estado de relaxamento, obtido previamente através de uma sensibilização adequada, para que estas imagens criadas tenham a força terapêutica que devem ter, em que os símbolos possam emergir e que sejam ativados os domínios do nível supraconsciente e da ordem mental superior. Dessa forma, oportuniza-se o surgimento de insights, de intuições, da criatividade e da síntese das experiências vividas pelo indivíduo e que geram nele o conflito que deseja ser superado. Uma nova compreensão dos fenômenos pode ser facilitada através desta técnica, que foi utilizada e ampliada também pela Psicologia da Gestalt e da Psicossíntese de Roberto Assagioli.
O nível simbólico
Trata-se de intervenções que favorecem a organização de conteúdos simbólicos trazidos pelo paciente nos planos psíquico, espacial e temporal, dentro de uma sequência lógica que pode ser melhor compreendida e instrumentalizada no processo terapêutico. Os principais objetivos destes tipos de intervenção são: clarificar, organizar e direcionar metas existenciais, fortalecer recursos como a intuição e a criatividade; estimular a motivação, a percepção do todo pelo indivíduo, criando perspectivas para o futuro e trabalhando núcleos de conflitos ou apego.
O nível interativo
É formado por dinâmicas e exercícios em que se ressalta o aspecto vivencial e interativo através da construção de diálogos e outros recursos de comunicação intra e interpessoal e transpessoal. O nível interativo propõe um aprofundamento dos conteúdos significativos trazidos pelo paciente nos vários níveis de consciência, através da sensibilização e passagem por sete etapas específicas. Para este intuito, são utilizados recursos expressivos gráficos através dos quais busca-se a emergência de um elemento de síntese e de integração relacionado ao momento atual que o paciente está experienciando.
As sete etapas do nível interativo de intervenções são :
* Reconhecimento: momento desconfortável para o paciente que sente a aproximação de uma zona de conflito mas ainda não consegue identificá-lo claramente. O terapeuta deve acolher as verbalizações do paciente e estimular que ele vá ao encontro da origem do sintoma que começa a ser evidenciado, exacerbando-o para poder clarificá-lo.
* Identificação: nesta etapa a dinâmica psíquica é realçada, são exacerbadas as sensações e vivenciados os conflitos ao extremo, proporcionando a catarse abreativa e integrativa e a possibilidade de saída da situação de dor.
* Desidentificação: Para entrar nesta etapa é preciso ter passado pela anterior. A partir da catarse de integração o indivíduo opera então o distanciamento do conflito, buscando elementos de oposição, por exemplo, que facilitem o desapego. Cria-se um espaço receptivo para a construção de uma nova forma de interação.
* Transmutação: é o momento em que acontece a passagem para uma condição de alívio e percepção de outras possibilidades e realidades. Há a percepção de vários níveis de consciência interagindo, a percepção de insights – estão criadas as condições para o processo de transformação se completar.
* Transformação: o indivíduo percebe que efetuou dentro de si uma mudança e que o conflito é sentido de uma maneira diferente, o que muda seu direcionamento mental.
* Elaboração: nesta etapa há a apreensão global da situação, uma compreensão dos insights obtidos e de seu pleno significado. O indivíduo amplia o sentimento de mudança - emerge o eixo evolutivo.
* Integração: há nesta etapa a possibilidade de integração de todo o processo vivido com o seu momento atual, com a sua perspectiva, dentro de um novo modo de olhar e crer. Podem ocorrer mudanças muito profundas, até mesmo de valores e crenças.
Estas etapas podem ser consideradas etapas de um processo terapêutico, pois nele encontram-se presentes, desde o início até sua finalização. Às vezes pode acontecer de uma e outra etapas estarem ocorrendo quase simultaneamente; deve-se estar atento, pois nenhuma etapa deve ser ignorada. Dentro do contexto da Psicoterapia, podemos dizer que o processo de tratamento chega ao fim quando o paciente passou pelas sete etapas e acessou seu próprio curador interno, confiante da possibilidade de criar alternativas novas para os conflitos emergentes, seguro de sua capacidade de sentir-se inteiro, não fragmentado e, portanto de deixar brotar as soluções para seus problemas a partir do constante diálogo que passou a estabelecer com a ordem mental superior.
O nível adjunto
Trata-se de recursos provindos das tradições milenares como o Yoga, os exercícios de concentração, contemplação, relaxamento e a meditação. São adjuntos pois não se restringem à prática da Psicoterapia e tampouco dependem dela para que sejam úteis e significativos à ampliação e manutenção da qualidade de vida dos pacientes. Estes recursos diminuem níveis de stress e ansiedade, facilitando os processos de expansão da consciência. São importantes também no tratamento de síndromes orgânicas como as doenças cardiovasculares e aquelas que afetam o sistema imunológico e hormonal. Podem ser orientadas aos pacientes, na medida de seu interesse.
O Nível verbal
Trata-se do modo de interação mais utilizado especialmente em psicoterapia, que implica o encontro através da linguagem verbal, da troca de percepções e sentimentos usando o aparato da fala e principalmente da escuta. Do ponto de vista do terapeuta, a intervenção verbal compreende os momentos que marcam o início de um processo de tratamento, com a entrevista inicial, a coleta de informações, o respeito ético ao sigilo sobre o material trabalhado em consulta, e principalmente a postura do terapeuta frente ao paciente. Em Transpessoal, ao contrário de outras linhas teóricas que se apóiam exclusivamente no recurso verbal de comunicação, a interpretação da fala dos clientes ou pacientes não é recomendada. Não se interpreta, pois se acredita que somente o paciente, dentro de seu próprio processo de desenvolvimento, sabe a solução de seu sofrimento. Ele tem o conhecimento dentro de si, ainda que encoberto ou pouco nítido, devendo o terapeuta apenas facilitar o caminho de acesso a este conhecimento através de uma relação de respeito, confiança e de intervenções apropriadas. Ao contrário das interpretações, são utilizadas ampliações de falas e expressões do paciente, buscando clarificar para ele mesmo as mensagens que ficam por vezes obscurecidas. O terapeuta não faz julgamentos, mas realiza percepções, estando sempre atento às manifestações de seu paciente, acolhendo-as, explorando-as, integrando-as, proporcionando ao paciente a criação de sentido em sua vida, através também do auxílio à produção de síntese do processo de tratamento.
De forma geral, o paciente vai até onde o terapeuta tiver ido, e ele estanca também em pontos conflitivos do próprio terapeuta. Esta é uma relação cuja a diferenciação dos conteúdos emergentes (do paciente e do terapeuta) pode ser muito complicada e sutil, pois até um certo momento, é crucial que haja no terapeuta ressonância do que está sendo trabalhado pelo paciente. Porém, a diferenciação dos materiais e dos processos vividos é fundamental e para ela é necessário um cuidado do terapeuta em relação ao seu próprio treinamento teórico, prático e existencial (constante, diga-se de passagem), um trabalho de auto-desenvolvimento, tanto no eixo experiencial como no evolutivo, evitando assim a confusão de papéis e favorecendo a relação terapêutica.
O Nível Imagético
Este nível trabalha com intervenções a partir da produção de imagens mentais. É baseado na técnica de imaginação ativa, termo cunhado por Jung, que define uma intervenção em que imagens são construídas mentalmente pelo indivíduo, potencializando conteúdos de vigília que estão sendo trabalhados ou que desejam ser trabalhados. Nestes exercícios, que podem ser dirigidos pelo terapeuta, o paciente deve estar em estado de relaxamento, obtido previamente através de uma sensibilização adequada, para que estas imagens criadas tenham a força terapêutica que devem ter, em que os símbolos possam emergir e que sejam ativados os domínios do nível supraconsciente e da ordem mental superior. Dessa forma, oportuniza-se o surgimento de insights, de intuições, da criatividade e da síntese das experiências vividas pelo indivíduo e que geram nele o conflito que deseja ser superado. Uma nova compreensão dos fenômenos pode ser facilitada através desta técnica, que foi utilizada e ampliada também pela Psicologia da Gestalt e da Psicossíntese de Roberto Assagioli.
O nível simbólico
Trata-se de intervenções que favorecem a organização de conteúdos simbólicos trazidos pelo paciente nos planos psíquico, espacial e temporal, dentro de uma sequência lógica que pode ser melhor compreendida e instrumentalizada no processo terapêutico. Os principais objetivos destes tipos de intervenção são: clarificar, organizar e direcionar metas existenciais, fortalecer recursos como a intuição e a criatividade; estimular a motivação, a percepção do todo pelo indivíduo, criando perspectivas para o futuro e trabalhando núcleos de conflitos ou apego.
O nível interativo
É formado por dinâmicas e exercícios em que se ressalta o aspecto vivencial e interativo através da construção de diálogos e outros recursos de comunicação intra e interpessoal e transpessoal. O nível interativo propõe um aprofundamento dos conteúdos significativos trazidos pelo paciente nos vários níveis de consciência, através da sensibilização e passagem por sete etapas específicas. Para este intuito, são utilizados recursos expressivos gráficos através dos quais busca-se a emergência de um elemento de síntese e de integração relacionado ao momento atual que o paciente está experienciando.
As sete etapas do nível interativo de intervenções são :
* Reconhecimento: momento desconfortável para o paciente que sente a aproximação de uma zona de conflito mas ainda não consegue identificá-lo claramente. O terapeuta deve acolher as verbalizações do paciente e estimular que ele vá ao encontro da origem do sintoma que começa a ser evidenciado, exacerbando-o para poder clarificá-lo.
* Identificação: nesta etapa a dinâmica psíquica é realçada, são exacerbadas as sensações e vivenciados os conflitos ao extremo, proporcionando a catarse abreativa e integrativa e a possibilidade de saída da situação de dor.
* Desidentificação: Para entrar nesta etapa é preciso ter passado pela anterior. A partir da catarse de integração o indivíduo opera então o distanciamento do conflito, buscando elementos de oposição, por exemplo, que facilitem o desapego. Cria-se um espaço receptivo para a construção de uma nova forma de interação.
* Transmutação: é o momento em que acontece a passagem para uma condição de alívio e percepção de outras possibilidades e realidades. Há a percepção de vários níveis de consciência interagindo, a percepção de insights – estão criadas as condições para o processo de transformação se completar.
* Transformação: o indivíduo percebe que efetuou dentro de si uma mudança e que o conflito é sentido de uma maneira diferente, o que muda seu direcionamento mental.
* Elaboração: nesta etapa há a apreensão global da situação, uma compreensão dos insights obtidos e de seu pleno significado. O indivíduo amplia o sentimento de mudança - emerge o eixo evolutivo.
* Integração: há nesta etapa a possibilidade de integração de todo o processo vivido com o seu momento atual, com a sua perspectiva, dentro de um novo modo de olhar e crer. Podem ocorrer mudanças muito profundas, até mesmo de valores e crenças.
Estas etapas podem ser consideradas etapas de um processo terapêutico, pois nele encontram-se presentes, desde o início até sua finalização. Às vezes pode acontecer de uma e outra etapas estarem ocorrendo quase simultaneamente; deve-se estar atento, pois nenhuma etapa deve ser ignorada. Dentro do contexto da Psicoterapia, podemos dizer que o processo de tratamento chega ao fim quando o paciente passou pelas sete etapas e acessou seu próprio curador interno, confiante da possibilidade de criar alternativas novas para os conflitos emergentes, seguro de sua capacidade de sentir-se inteiro, não fragmentado e, portanto de deixar brotar as soluções para seus problemas a partir do constante diálogo que passou a estabelecer com a ordem mental superior.
O nível adjunto
Trata-se de recursos provindos das tradições milenares como o Yoga, os exercícios de concentração, contemplação, relaxamento e a meditação. São adjuntos pois não se restringem à prática da Psicoterapia e tampouco dependem dela para que sejam úteis e significativos à ampliação e manutenção da qualidade de vida dos pacientes. Estes recursos diminuem níveis de stress e ansiedade, facilitando os processos de expansão da consciência. São importantes também no tratamento de síndromes orgânicas como as doenças cardiovasculares e aquelas que afetam o sistema imunológico e hormonal. Podem ser orientadas aos pacientes, na medida de seu interesse.
Este texto foi produzido a partir dos pressupostos teórico-práticos contidos no livro “Psicoterapia Transpessoal”, de Vera Saldanha (Ed. Rosa dos Ventos, 2000), e no curso de formação oferecido pela ALUBRAT (Associação luso-brasileira de Psicologia transpessoal) neste país.
Um comentário:
Parabéns pelas fotos, programação e matérias publicadas no blog.
Um abraço aos organizadores.
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